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VIROU HISTÓRIA

Catedral Diocesana de Lages

18/04/2023 16:54

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A Catedral Diocesana de Lages é o patrimônio cultural mais conhecido do Estado de Santa Catarina e sua história começa com a chegada do Capitão-Mor Antônio Correia Pinto de Macedo, fundador da cidade. Com a formação da Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens, os primeiros atos de Jurisdição foram a edificação do Pelourinho e a construção da igreja matriz.

 Anteriormente, havia um oratório na casa de Correia Pinto, algumas vezes, tornava-se o principal santuário da vila. A primeira construção, foi erigida no ano de 1771, e de acordo com o historiador Gustav August Walter Dachs, na capela "entrava-se nela pela porta principal ou por portas travessas, por meio de uma grade que se estendia da parte do Evangelho até a par da Epístola, estavam separados o Corpo da Igreja a capela mor desta matriz. Correia Pinto pagou a importância de 4$000 ao pintor Joaquim de fazer os painéis que se acham guarnecendo a capela mor". Naquela época, a igreja e o cemitério congregavam o mesmo espaço, Correia Pinto doou uma fazenda para que lhe fosse concedido, após sua morte, um lugar apropriado dentro da igreja matriz. A construção foi concluída em 1774.

Os constantes alagamentos ocasionados pelas chuvas e a falta de cuidados, autoridades à época, decidiram em 1849, demolir a antiga capela e dar lugar a uma nova edificação, iniciando as obras novas em 1855. A segunda igreja, foi construída de pedras e coberta com telhas portuguesas, havia uma porta na entrada principal e duas pequenas nas laterais. O viajante e cronista alemão Roberto Avé-Lallemant, que esteve em Lages, neste período, registrou que "está sendo edificada uma nova igreja, muito pequena e tão mal construída que ameaçava desmoronar-se com uma dúzia de escoras que tem aos lados e que, no lugar, são chamadas, por brincadeira, os doze apóstolos".

A Casa Santo Antônio, o Circulo Lageano, fora construído em 1875 e serviu de apoio para a realização das missas, sessões de cinema e teatro, reuniões para festividades religiosas e populares. Enquanto isso, a igreja matriz, sem condições de uso, ficou desativada até a formação de uma comissão para angariar fundos para a construção de uma nova igreja matriz.

A construção foi iniciada, após a formação de uma comissão designada, no ano de 1912, pelo Frei Gabriel Zimmer, e nela fizeram parte a mais alta elite da região serrana formada por coronéis, capitães e ricos fazendeiros. Escreve a historiadora Katia Regina Borges Hillmann que "Frei Gabriel Zimmer começou a angariar recursos, e ao saber que muitos fazendeiros tinham o hábito de reservar ou marcar terneiros para seus santos, tratou de generalizar o gesto tradicional para reservar um terneiro anualmente para a construção da nova Matriz", e na "época marcada, Frei Gabriel passava de fazenda em fazenda para receber a doação, que os pecuaristas entregavam em valor. Assim, foi conseguindo os meios para angariar os fundos necessários para a construção, através de diversos tipos de doações que provinham da comunidade".

No mesmo local, onde foram edificadas a primeira e a segunda igreja, foi realizada uma missa e lançada a pedra fundamental, a primeira pedra para a construção dos alicerces da nova Igreja Matriz. Em 30 de maio de 1914, após a celebração de uma missa, juntamente com a pedra fundamental, documentos escritos em latim, foram colocados em uma urna de vidro e fixados na parede atrás do altar-mor, com a inscrição "Glória a Padroeira de Lages Nossa Senhora dos Prazeres 1914". Findados os trabalhos de construção, em dezembro de 1921 foi realizada a consagração da nova Igreja Matriz.

Presente na cerimônia de consagração, Danilo Thiago de Castro registrou que "o poder de consagrar as igrejas pertencem exclusivamente aos bispos. Ele as prepara pelo jejum no qual tomam parte os fiéis; a cerimônia, isto é, pelo jeito que vi, dividia-se em duas partes, os atos por fora da igreja e os atos por dentro. Pelo lado de fora de nossa matriz D. Joaquim Domingues de Oliveira, acompanhado de seu clero, dirigiu-se até a porta de entrada da igreja que está fechada. Ninguém está dentro, exceto o Diácono que representa a figura de São Pedro a quem foram entregues as chaves do céu. Quando bispo disse: "Deus onipotente, Pai, Filho, e Espírito Santo, sede conosco", todos caíram de joelhos para implorar o auxílio dos bem-aventurados, recitando a Rainha de todos os santos. Em seguida o bispo benze sal e a água e fez uma aspersão em si próprio, sobre o clero e o povo, para ser mais digno de consagrar a casa do Senhor, e para suas orações serem mais agradáveis a Deus".

Frei Egydio Lother, responsável pela da obra, inspirou-se na arquitetura da Catedral de Magdeburg, a primeira construção de igreja no estilo gótico na Alemanha. Porém, havia mais trabalho a ser feito, nos anos seguintes, foram colocados no interior da igreja, os vitrais, as cruzes das torres, adquiridas na Fundação Bertha de Porto Alegre e os sinos vindos da cidade de Bochum e o altar mor, juntamente com imagens de Nosso Senhor dos Passos e outra de Nossa Senhora da Dores, esculpidas em madeiras, unidas as imagens de Nossa Senhora do Parto, São Francisco de Assis e Santo Antônio, todas elas vindas da Europa. Tardiamente, um novo órgão musical foi trazido por Frei Bernardino Bortolli, em 1960 por ocasião do aniversário centenário da cidade. Inicialmente, era chamada de Igreja Nossa Senhora dos Prazeres, quando em 1929, D. Daniel Hostin, tornou-se o primeiro Bispo, passou a chamar-se Catedral Diocesana.

A Catedral Diocesana, em 5 de abril de 1990, foi declarada pela Lei Orgânica do Município de Lages o "patrimônio cultural lageanos". Ainda pelos anos noventa, necessitou de reparos, o Departamento de Cultura de Lages, contratou uma equipe de técnicos e arquitetos para executar o projeto de restauração concluídos em 1999. A Fundação Catarinense de Cultura, pelo Decreto nº 3.462 de 23 de novembro de 2001, ingressou o prédio da Catedral Diocesana de Lages, patrimônio tombado pelo Estado de Santa Catarina.

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