VIROU HISTÓRIA
Onde estava localizado, o primeiro Cemitério de Lages?
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No dia de finados ( 2 de novembro), é comum católicos e simpatizantes deste feriado importante, prestarem homenagem à memória de familiares e entes queridos falecidos. O costume foi introduzido, no século II, por grupos de cristãos, que tinham por hábito, visitar o túmulo e rezar pela alma dos mortos. No Brasil, desde 1949 o Dia de Finados é reconhecido como feriado nacional. Um dia especial para honrar os ancestrais.
A prática de enterrar os mortos é comum e uma prática antiga, e antes era feito nas proximidades das igrejas ou das casas. As práticas de sepultamento, representavam a mediação entre o indivíduo e a espiritualidade, entre o plano físico e o espiritual. As primeiras práticas de sepultamento, na cidade de Lages, vêm da época da fundação da Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens, o primeiro cemitério, foi estabelecido no interior e arredores da igreja da vila. Antes ainda daquele cemitério que estava localizado onde é o Colégio Santa Rosa hoje.
O primeiro Ato de Jurisdição, de Antônio Correia Pinto de Macedo, foi a construção da primeira capela da "Igreja Matriz", naquela ocasião, o vigário, deveria registrar os nascimentos, casamentos e óbitos nos livros de assentos da paróquia. O primeiro sepultamento, aconteceu em 5 de maio de 1786, um escravizado pelo nome de Domingos, enterrado "a sete braças da porta principal para o pátio, de esquina da parede à outra esquina do frontispício"
Posteriormente, em 1792, uma comitiva formada pelo Vigário da Vara e Igreja Manoel Fernandes Cruz, o Escrivão do Auditório Eclesiástico José Joaquim Monteiro, o Capitão-Mor Bento do Amaral Gurgel Annes, o Capitão da Cavalaria Auxiliar Manoel da Silva Ribeiro, o Capitão das Ordenanças Manoel Rodrigues de Athaydez, o Capitão da Cavalaria Antônio Marques Arzão, e o Juiz Ordinário Manoel da Silva Ribeiro, para estipularem e arbitrarem os "preços das sepulturas da Igreja, conforme os lugares".
Decidiram, que os lugares da primeira Carreira, local onde está sepultado Antônio Correia Pinto de Macedo, no arco da capela, o lugar mais nobre, deveria pagar a quantia de seis mil réis. A segunda carreira, do arco até as grades, quatro mil réis. A terceira carreira, das grades até o lugar onde se acha o púlpito, o valor de dois mil réis. E na quarta carreira, do púlpito até a porta principal, a importância de um mil réis.
A velha matriz e cemitério, permaneceram em atividade entre os anos de 1786 a 1850, quando foi reformada a igreja, o cemitério, transferido para outro local, onde atualmente, encontra-se o ginásio do Colégio Santa Rosa de Lima.
Em 12 de fevereiro de 1850 iniciaram-se as obras do novo cemitério, com apoio financeiro do Major Comandante Militar Antônio Saturnino de Souza e Oliveira, que nomeou um procurador para administrar a quantia de cem mil réis para a construção do outro cemitério. Durante os quatro anos da construção, o cemitério foi local de proliferação de animais e de pessoas com práticas de "atos indecorosos". No dia 23 de abril de 1852, o Padre Vigário Camilo Lelis Nogueira, fez um apelo, solicitou ajuda da população para coletar umas "esmolas" para cercarem o cemitério, evitando profanações. Foi instalado um portão e as chaves ficaram sob o cuidado do sacristão da matriz.
O primeiro e o segundo cemitérios, próximos do centro urbano, originavam problemas de saúde pública. Nos períodos de chuva, o solo onde estavam enterrados os mortos, exalavam mal cheiro. Quando a chuva era intensa, os cadáveres erigiam dos túmulos. Os camaristas, a época, dispendiam de poucos recursos para a manutenção dos cemitérios, recrutava, por meio de editais, os trabalhos de um escravo para limpar o pátio da igreja, que durante anos, ficavam abandonados, em 1810, não haviam residências próximas da igreja Matriz.
Uma lei anterior a 1850, no artigo quinto, da Lei de Posturas de 1849, proibia o sepultamento de pessoas na circunferência de seis léguas do perímetro da cidade. Muito embora, a lei não fosse cumprida, durante décadas, o Superintendente Municipal Vidal José de Oliveira Ramos, editou a Lei nº 45 de 7 de julho de 1898, concedendo uma verba ao município para construção de um novo cemitério. As famílias, preocupadas em manter a memória de seus mortos, levaram as ossadas que estavam na "chapada perto do Santa Rosa, e levadas ao novo Cemitério Municipal Cruz das Almas.
Importante, naqueles tempos, as famílias que não podiam enterrar seus mortos no cemitério ou nas dependências da igreja matriz, os sepultavam nas intermediações da cidade, pelas estradas ou nos cemitérios das fazendas. Consta que naquele tempo haviam os cemitérios da Fazenda de Mateus José de Souza, da Fazenda Bossoroca, da Fazenda da Ilha o cemitério da Fazenda de Morrinhos. Atualmente, a cidade de Lages conta com três cemitérios públicos, o Cruz das Almas e o Nossa Senhora da Penha, Cemitério Municipal da Paz. (Fonte: Museu Tiago de Castro).
Primeiro Cemitério e Igreja Matriz da Vila de Lages (1786-1850)
No mesmo local, funcionavam a igreja e cemitério. Na imagem, a esquerda, a Igreja Matriz reconstruída. (1850-1912)
Segundo Cemitério Público Municipal (1850 - 1898)
Comandante Militar Antônio Saturnino de Souza e Oliveira (financiador da obra pública)
Localizado no ginásio de esportes do Ginásio do Colégio Santa Rosa de Lima
Terceiro Cemitério Público Municipal Cruz das Almas (1898-)