logo RCN
Facebook
YouTube
Instagram
WhatsApp

COMEMORAÇÃO

Padroeira de Lages

14/08/2023 09:40


D. Luiz Antonio de Souza Botelho e Mourão, Morgado de Mateus, governador da capitania de São Paulo, entre outras recomendações determinou ao Capitão-mor Antônio Correia Pinto, em 20 de agosto de 1766: que, fundando a póvoa de Lages lhe desse o nome de “Vila Nova de Nossa Senhora dos Prazeres” e que a padroeira da igreja matriz fosse “Nossa Senhora dos Prazeres”. Era a grande devoção do Morgado de Mateus, que tinha uma convicção administrativa: “Sem Missa não de pode governar os povos”. E assim foi e assim é: Nossa Senhora dos Prazeres é a padroeira da catedral e da diocese de Lages.O título de Nossa Senhora dos Prazeres veio de Portugal e há no Brasil 12 igrejas dedicadas a essa invocação, sendo a mais importante, do ponto de vista da história, a igreja de Nossa Senhora dos Prazeres de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco.A igreja foi erguida em ação de graças pelas duas vitórias decisivas alcançadas pelos brasileiros nas batalhas travadas contra os holandeses, nos montes Guararapes, nos dias 18 de abril de 1648 e 19 de abril de 1649, quando expulsaram definitivamente os invasores. As batalhas eram precedidas de novenas e orações a Nossa Senhora naqueles dias decisivos para garantir a unidade nacional. Ali, sob a proteção de Nossa Senhora, nascia o Brasil.


Espiritualidade Mariana

A invocação de Nossa Senhora dos Prazeres tem origem na espiritualidade franciscana e quer meditar as Alegrias de Nossa Senhora. Nossa Senhora das Alegrias e Nossa Senhora dos Prazeres têm a mesma origem franciscana, e remontam ao século XIV. Portugal foi a nação que por primeiro festejou os Prazeres, as Alegrias de Maria. Recorda a piedade popular que, por volta de 1590, uma imagem da Virgem apareceu sobre uma fonte em Alcântara e pessoas que iam à fonte beber água conseguiram curas milagrosas. Uma menina que tinha ido beber água escutou a voz de Nossa Senhora que lhe pediu que ali fosse erguida uma igreja onde fosse invocada como Nossa Senhora dos Prazeres. O pedido foi executado e o local tornou-se ponto de muitas romarias.Por que a origem franciscana? São Francisco, na sua busca pelo Jesus pobre, desprovido de poder, acentuou dois mistérios fundamentais de nossa fé: a Encarnação (o Presépio) e a Paixão (a Via-sacra) e fez brotar uma corrente espiritual poderosa de retorno ao Jesus de Nazaré, bastante esquecido pela Igreja poderosa do século XIII.Com o tempo, na piedade popular, os dois mistérios deram origem às celebrações das Sete Alegrias e das Sete Dores de Maria. Piedade mariana, sim, mas enraizada profundamente no Evangelho.Partindo da Encarnação, temos a celebração dos Prazeres de Nossa Senhora, as Sete Alegrias de Maria: Anunciação do Anjo; Maria visita sua prima Isabel; Nascimento de Jesus em Belém; Adoração dos Magos; Maria e José encontram Jesus no templo; Maria vê Jesus ressuscitado; Assunção e coroação de Maria no céu. Na piedade franciscana, as alegrias são rezadas na Coroa das Sete Alegrias. Partindo de Belém e Jerusalém, contemplamos as Dores de Nossa Senhora: Profecia de Simeão; Fuga para o Egito; a perda de Jesus no templo; encontro com Jesus carregando a Cruz; morte de Jesus no Calvário; Maria recebe o Corpo de Jesus; Maria deposita Jesus no sepulcro. Na piedade franciscana, temos a Devoção ou o Terço das Sete Dores de Maria.Em 1767 foi erguido o primeiro oratório e chegaram os primeiros padres na Fazenda de Correia Pinto às margens do rio Caveiras: os franciscanos Frei Tomé de Jesus e Frei Manoel da Natividade Teixeira, dando início oficial à vida religiosa e sacramental católica que, até os dias de hoje, anima e alimenta a fé do povo serrano. Fruto dessa piedade é a bela Igreja matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, abençoada em 1º de janeiro de 1922 e nomeada Catedral diocesana em 17 de janeiro de 1927. Nossa Senhora das Dores é celebrada em 15 de setembro, e Nossa Senhora dos Prazeres no 2º Domingo depois da Páscoa, mas, em Lages, no dia 15 de agosto.Colaboração: Pe. José Artulino Besen (Historiador eclesiástico, membro do clero da Arquidiocese de Florinópolis)


mais sobre:

Deixe uma resposta