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Dentre todos os gurus que por aqui vagaram desde o século XVIII, três se destacaram e vieram a ter influência nos acontecimentos que desencadearam a Guerra do Contestado.
O primeiro foi Gianmaria d’Agostini, um italiano natural de Piemonte que em 1844 deixou registrado e assinado num cartório de Sorocaba, seu ingresso no Brasil. No item “profissão”, ele mesmo escreveu “Solitário Eremita”. Depois de São Paulo, morou na Lapa, no Paraná, passou por Rio Negro e Lages e foi bater no Rio Grande do Sul, onde levantou uma capela em Santa Maria da Boca do Monte. Desapareceu na noite dos tempos, não se sabendo onde foram parar seus restos.
Do segundo João Maria, se tem - preto no branco - foto, desenhos e relatos. Ele se chamava Atanás (ou Anastás) Markaff, imigrante para a Argentina. Subindo os rios da Bacia do Prata foi bater na mesma Santa Maria da Boca do Monte do primeiro João Maria. Trazia consigo uma bandeira branca com o desenho de uma pomba vermelha ao centro “bandeira do divino”.
Era um homem alto, espigado, barba branca, alpargatas de couro. Carregava uma caixinha com a imagem de N. S. da Abadia. Sua fama era de grande curador. Para qualquer doença receitava um chá de vassourinha do campo. Era quase um sacerdote: dirigia rezas batizava e passava sermão. Mas era acima de tudo um profeta, com frases tipo: - “ Um dia haverá muito rastro e pouco pasto”...
O terceiro grande profeta do Contestado não era místico, mas um rebelde! Tratava-se de um desertor militar, Miguel Lucena de Boaventura. Usava o mesmo gorro de pele de jaguatirica de seus antecessores e conhecia a vida dos mestres. Mas ao contrário deles, tinha na cintura uma longa espada de combate!
Trazia nas mãos um livro emblemático nos sertões brasileiros: a “Historia de Carlos Magno e dos Doze Pares da França”, de onde retirava historias fantásticas para recontar aos caboclos embevecidos: era o “seu” José Maria! (Fonte: Paulo Ramos Derengoski).