Para vencer, é preciso estar vivo

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Estava escrevendo um projeto para educação de jovens e adultos para apresentar a um parlamentar e buscar seu apoio, uma vez que a educação pode ser considerada a melhor porta para o desenvolvimento. E sem educação para o trânsito e vida saudável da sociedade, não será concretizada, digo isto diante da enorme quantidade de sinistros e da nossa preparação pífia que nossas crianças e jovens recebem sobre o espaço social chamado trânsito. Claro que utilizo o eufemismo, pois a grande maioria de nossos estudantes não recebe nenhuma instrução sobre como se comportar no trânsito, tão pouco são levados à reflexão de um espaço complexo onde pessoas interagem com pessoas que têm propósitos muito diferentes dos seus. E quando tem a oportunidade de chegar à vida adulta, somente quem tem interesse em obter a permissão para dirigir veículo automotor em via pública é que vai ver alguma coisa sobre trânsito. Resultado, 30% das mortes em rodovias federais foram com pessoas de 0 a 20 anos. Ou seja, nossos jovens morrem mais na estrada do que os mais vividos. E se levantarmos a régua para a idade média produtiva, chegaremos a 48% das mortes de cidadãos com menos de 35 anos. Nossa força produtiva se esvai, ano a ano, pela sinistralidade viária.
Confesso que fiquei preocupado com estes dados, referentes ao ano passado. Como podemos ficar calados diante de tanta negligência da nossa sociedade diante desta epidemia mortal que se movimenta pelas nossas estradas e não fazermos nada? Pergunto: quem dos leitores já se perguntou ou teve a curiosidade de saber se a escola de seu filho, sobrinho ou de qualquer criança está passando ensinamentos sobre trânsito na escola? Segundo dados do Ministério da Educação, uma parte muito pequena das instituições escolares adota a educação para o trânsito de forma sistemática, não chegando a 1/5 das escolas. Aí eu faço mais uma pergunta, parafraseando a educadora Julieta Araújo, que nos idos de 1978 já lançava a preocupação: de que adianta enchermos a inteligência de nossas crianças com matemática, linguagem, geografia, se ela vai morrer ali na frente, vítima de um sinistro de trânsito, que poderia ser evitado se as ensinássemos ela a como se comportar? Não se trata de julgamento da escola, mas uma reflexão séria que precisa ser exercitada, pois a escola deve tratar de assuntos que façam a pessoa prosperar na vida, em todos os sentidos, mas só prospera quem está vivo.