Após tarifaço dos EUA, empresas catarinenses dão férias coletivas aos seus funcionários

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Após o anúncio de Donald Trump de que produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos (EUA) serão tarifados em 50%, as empresas exportadoras do Brasil buscam formas de adiar o impacto da medida.
Uma das formas encontradas, por uma empresa, na cidade de Ipumirim, exportadora do setor madeireiro, anunciou na terça-feira (29) que deu férias coletivas a quase 500 funcionários. A empresa fabrica molduras de madeira para o mercado externo – sendo 95% do total para os Estados Unidos.
Em comunicado ao mercado e aos colaboradores, o grupo diz que a medida visa aguardar que ambos os governos cheguem a um acordo, permitindo que as atividades comerciais sejam retomadas.
Apenas um setor com 15 funcionários deve seguir trabalhando. Pois além de molduras, a empresa ainda atua na fabricação de paletes para o mercado interno e de portas de madeira e kits de portas prontas tanto para o Brasil quanto para o Uruguai e o Paraguai.
Impactos na Serra
A imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos acendeu o sinal de alerta na indústria catarinense. A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) promoveu a primeira reunião pública do Comitê de Crise do Tarifaço, onde foram apresentados dados que apontam a gravidade da medida, sobretudo para regiões como a Serra Catarinense. Segundo a Fiesc, 22,3% das exportações madeireiras da região, com destaque para cidades como Lages, têm como destino o mercado norte-americano. A entidade pretende intensificar a articulação com o poder público para mitigar os efeitos dessa mudança comercial.
O economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt, destacou que Santa Catarina figura como o segundo Estado brasileiro mais afetado, com uma retração potencial de 0,31% no PIB estadual. A preocupação maior recai sobre o setor de madeira e móveis, altamente dependente das exportações e concentrado em localidades com menor desenvolvimento socioeconómico, como parte da Serra Catarinense. “A situação é preocupante porque pode gerar impactos significativos no emprego e no tecido social dessas comunidades”, afirmou Bittencourt.
Embora algumas grandes empresas possam recorrer a operações internacionais para driblar as tarifas, essa alternativa não está disponível para a maioria das indústrias locais. Regiões como o Planalto Norte, onde 42,5% das exportações são destinadas aos EUA, e a própria Serra Catarinense, com 22,3%, estão entre as mais vulneráveis. Municípios como Correia Pinto, Otacílio Costa e Curitibanos podem sentir efeitos diretos na economia, especialmente nas empresas madeireiras que sustentam grande parte da atividade económica regional.