A Serra Catarinense precisa agir como região. E agora.

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por Fernanda Cordova
A Serra Catarinense é uma das regiões mais belas, ricas em cultura e com um povo trabalhador que carrega, no frio do campo e na força da terra, o verdadeiro DNA de Santa Catarina. Mas é preciso encarar uma realidade incômoda: ao longo de décadas, ficamos para trás quando o assunto é desenvolvimento.
Dados como o IDH mostram isso, e a cada novo dado, a constatação se repete: menos infraestrutura, menos investimentos, menos voz. Enquanto outras regiões se articulam, formam blocos estratégicos e atraem recursos com visão conjunta, nós ainda estamos presos a uma lógica de esforços isolados — onde cada município tenta fazer o que pode, do seu jeito e com seus próprios meios. Isso precisa mudar. E rápido.
O futuro da Serra passa, necessariamente, por união e planejamento regional. Cidades como São Joaquim, Urupema e Urubici têm vocação turística, mas dependem de estradas seguras para atrair visitantes. Otacílio Costa e Palmeira crescem na indústria e tem localização estratégica e logística privilegiada, mas precisa de energia estável e infraestrutura mais moderna. Lages, centro da nossa região, pode ser um polo de inovação e serviços — se for fortalecida por uma rede que a sustente, formada pelas cidades em seu entorno, isso para citar apenas algumas de nossas cidades e potencialidades. Nenhuma dessas cidades avança sozinha. O desenvolvimento precisa ser pensado como um sistema.
E esse sistema exige liderança coletiva, diálogo institucional e ação coordenada. A AMURES e os consórcios regionais podem ter um papel decisivo nisso. O recém lançado Pacto pelo Desenvolvimento Territorial representa uma iniciativa interessante nesse sentido. É hora de construir uma agenda unificada da Serra, com metas claras, indicadores comuns e prioridades pactuadas de forma estratégica.
É um movimento que precisa dos prefeitos, mas também precisa envolver as câmaras de vereadores, o setor produtivo, as cooperativas, as universidades e, principalmente, a sociedade civil. A Serra precisa se enxergar como uma região viva, interdependente e com um projeto em comum.
E aqui, deixo uma reflexão importante: não basta querer mais investimentos. Precisamos também ocupar mais espaços de decisão.
Hoje, temos um governador que olha com muito carinho para nossa região, e tem aportado investimentos importantes em nossas cidades, mas todos se lembram que nem sempre foi assim.
A Serra Catarinense representa uma fatia importante de Santa Catarina. Somos a maior região do Estado, mas a nossa representatividade política ainda é tímida. Poderíamos ter quatro deputados estaduais, temos apenas dois. Temos votos suficientes para ter dois deputados federais. Hoje não temos nenhum. Se quisermos mudar essa realidade, precisamos unir nossa voz também nas urnas, e fortalecer nomes que conhecem a região, que vivem aqui, que defendem nossas pautas e que, acima de tudo, acreditam no nosso potencial e lutam pela Serra.
Porque quem ama a Serra, luta por ela. E essa luta começa com planejamento, mas só se concretiza com ação e coragem.
O tempo de crescer separados precisa ficar para trás. O futuro da Serra é juntos.
