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Otacílio Costa, 43 anos: um passado de muita luta

08/05/2025 10:48

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Até 20 anos após a fundação de Lages nenhum homem branco ali havia chegado a partir de Florianópolis e atravessando a Serra Geral, uma fortaleza natural de rocha e mata virgem praticamente intransponível. Em janeiro de 1787, Antônio José da Costa, um capitão descendente de portugueses açorianos, iniciou viagem concluída em agosto do mesmo ano, abrindo o primeiro caminho ligando Florianópolis a Lages através da Serra Geral. Aquele ´carreiro´ se transformaria, 200 anos depois, no trecho catarinense totalmente asfaltado da BR-282 - a espinha dorsal das comunicações rodoviárias do Estado.

OS HERÓICOS TROPEIROS
Nos seus primeiros 150 anos, a economia da região serrana se limitava basicamente à pecuária, e foram os tropeiros que abriram trilhas em matas, grotões, campos e serras, nos séculos XVIII e XIX, numa atividade importante para a subsistência de milhares de famílias e para o comércio entre várias regiões, dando origem a pequenos povoados. Na região de Otacílio Costa, os antigos tropeiros enfrentavam índios e animais ferozes em viagens de até 40 dias por caminhos precários para levar charque e tropas de gado para São José e Florianópolis, no litoral, e para municípios que hoje margeiam a BR-470, como Rio do Sul, Gaspar e Blumenau. Na volta, traziam farinha de mandioca, trigo, arroz, sal, açúcar, café e frutas.

A FÁBRICA DE PAPEL E O CAMINHONEIRO
Na década de 30 do século passado havia mais de 60 milhões de araucárias para corte no Estado. Então a indústria madeireira começou a crescer, especialmente a partir das exportações para a reconstrução da Europa, destruída durante a Segunda Guerra Mundial e, depois, com a construção de Brasília. A exploração da araucária teve seu auge na década de 50, quando Lages chegou a ser o município de maior arrecadação no Estado.
Neste contexto, em 1951, nas margens do rio Canoas e em área então vinculada ao distrito de Palmeira, começou a ser construída uma filial da Cia. Fábrica de Papel Itajaí, que entrou em operação em 1956, dando início ao período de ouro na exploração da araucária na região, denominado como ´Ciclo da Madeira´. E aí surgiu a figura do valente caminheiro, que enfrentava estradas esburacadas transportando madeira para abastecimento das dezenas de serrarias e da Papel Itajaí, que em 1958 foi adquirida pelo grupo americano Olin-Mathinsson, que a denominou como Olinkraft. Foi a maior transação em dólar até então realizada no Estado. Hoje, a fábrica pertence à Klabin S.A.
Aos poucos, o corte de araucária foi sendo restringido e, consequentemente, a sua importância foi diminuindo. A partir de 1970 e até 1990 foi feita a transição para os reflorestamentos de pinus e eucalipto. Otacílio Costa possui, hoje, a maior área reflorestada de pinus no Estado, mas sua economia também é forte na pecuária e na agricultura (soja, milho, feijão e moranga). Seu território é de 846,576 km².

A EMANCIPAÇÃO
Lages chegou a ter 11 distritos, entre eles, Otacílio Costa, cuja região inicialmente integrava o distrito de Índios e, depois, o distrito de Palmeira. Na década de 20 do século passado, a área atual da sede municipal era conhecida como ´Casa Branca´, pelo fato de que só existia ali uma casa e a bodega do Sr. Lauro Araújo, pintadas na cor branca. O terreno era da família Deboite e no mesmo local está hoje o prédio da Prefeitura. Mais tarde, a área passou a ser conhecida como ´Encruzilhada´ ou ´Encruzo de Curitibanos´, porque dali partia uma precária estrada que ia até Curitibanos.
Em 13.08.1958, pela Lei Municipal nº 180, Otacílio Costa passou a ser distrito, desmembrando-se de Palmeira, e pela Lei Estadual nº 6.059, de 10.05.1982, conseguiu sua emancipação político-administrativa, desmembrando-se de Lages e abrangendo o então distrito de Palmeira, até a emancipação deste, em 18.07.1995. Arnoldo Félix Pires foi nomeado Prefeito interino, mas por divergências administrativas com Lages, não houve a efetiva instalação desta administração provisória. A primeira administração de Otacílio Costa teve Nelson Melo de Liz como Prefeito e Osni Francisco de Souza como Vice, eleitos em 15.11.1982, junto com os primeiros vereadores - Amadeus Boaventura Pereira, Antônio Sílvio Ludwig, Gentil Coelho de Souza, José dos Santos Mello de Liz, Josmedi Eller, Pedro Odelli, Reimundo Cândido de Oliveira, Reni Muniz e Rogério de Jesus Teixeira. A instalação do Município, com a posse dos eleitos, deu-se em 01.02.1983.

QUASE CAPITAL DO ESTADO
Otacílio Costa se situa numa região de terras férteis banhadas por fartas aguadas, tudo temperado por clima com quatro estações bem definidas. Sua situação geográfica é privilegiadíssima, especialmente por estar na área central do Estado. Por tudo isso a localidade de São Sebastião, que pertencia a Otacílio Costa antes da emancipação de Palmeira, foi escolhida para sediar a cidade que ali seria construída com o fim específico de ser a capital do Estado, conforme previa a Lei n. 1083, assinada em 1915 pelo Governador Felippe Schmidt. A principal justificativa para a mudança era que o acesso final a Florianópolis só era possível através de barcas e balsas. Quando perceberam a real possibilidade de sua cidade deixar de ser a capital, os florianopolitanos levaram apenas quatro anos para concluir, em 1926, a construção da ponte hoje denominada Hercílio Luz, ligando ilha e continente. Afastou-se, assim, o motivo mais aparente do projeto de mudar a capital catarinense para nossa região.


João Carlos Matias, advogado e historiador



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