“A vida é breve, mas os efeitos que causamos durante ela podem ser eternos.”

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Nesta última semana, perdemos um dos maiores escritores do país. Luis Fernando Veríssimo nos deixou e partiu para outro plano. Deixou uma herança inigualável eternizada em seus livros e cronicas, e para homenageá-lo, roubei a frase que está no título para falar sobre a loucura nossa de cada dia que denominamos trânsito. Sendo uma citação bastante filosófica, apesar de sua simplicidade, o pensamento de Veríssimo se aplica muito bem em nosso quotidiano da mobilidade, que, diante da brevidade relativa de nossos deslocamentos, as consequências que advêm deles são duradouras. Peguemos, por exemplo, uma viagem de quatro horas, Lages a Florianópolis. Não se trata de um tempo que podemos classificar como enorme, então podemos dizer que é uma viagem breve, e mais breve ainda é uma ultrapassagem que leva apenas segundos. No entanto, se deixamos a segurança e a prudência de lado, esta brevidade pode se transformar em uma eternidade. Uma eternidade de ausência, em um caso mais grave, ou em uma eternidade de dor e sofrimento no caso de sequelas. Parece que o poeta estava dirigindo quando redigiu este pensamento, pois ele serviu como uma luva. No Brasil, existe uma legião de sequelados pelos sinistros viários que sentem as consequências de atitudes impensadas, que descobrem que a vida é breve, mas a dor pode parecer que vai além dela. É triste ter que falar sobre isso, afinal, somente neste ano foram mais 54.000 feridos, que ficaram com traumas psicológicos ou físicos, ou ambos, somente em sinistros ocorridos nas rodovias federais. É muita gente que aprende na dor o sentido da premonição do poeta. E não precisaria ser assim. Da mesma forma que falamos das dores, serviria para alegrias. Que bom seria se, ao invés de sequelas, falássemos das paisagens da viagem, dos momentos de reflexão, das músicas que relembramos, dos amigos que reencontramos, dos lugares que conhecemos! Seria tudo mais leve. Uma utopia que pode ser real, basta começarmos a pensar, a discutir e a cobrar segurança viária. Lógico que para isso eu terei que começar por mim. Não adianta cobrar algo que não pratico, assim voltamos às coisas como são, e vida que segue (ou não). Então, convido a todos a virar a chave e ter atitudes de segurança viária, não só enquanto estamos na estrada, mas durante toda a vida. Trazer este debate permanentemente à tona pode mudar significativamente a nossa sociedade. Aí poderíamos falar ao saudoso Luis Fernando que se enganou quando disse que o Futuro era melhor antigamente.