Quanto custa uma vida?

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Já parou para pensar quanto você vale? De cara, pode me mandar catar coquinho, e de boa, acho que você está certo. A vida é o que temos de mais precioso, sem ela nada do que desejamos e sonhamos é possível. Por isso, sempre pergunto em minhas palestras o que é mais importante para você, e muitas pessoas respondem que são os filhos, os amores, e até há quem diga que é o trabalho. Porém, explico a seguir que, sem a sua vida, nada disto tem sentido. Portanto, a vida é algo imensurável, como dizem, é um patrimônio imaterial da própria pessoa. Mas, de forma pragmática, sem desmerecer a dignidade da pessoa humana, para fins econômicos, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) vem fazendo um levantamento do custo total dos sinistros de trânsito no Brasil. O levantamento começou nos anos 2000 e vem atualizando constantemente os resultados. Este estudo conta com parceria da ANTP (Agência Nacional de Transportes Públicos), antigo DENATRAN, atualmente SENATRAN (Secretaria Nacional do Trânsito) e PRF. Os cálculos mostraram dados alarmantes, podendo ser relacionado o valor perdido em acidentes a um percentual do PIB brasileiro na fração de 1,5%. É muita grana! Embora o intangível não possa ser calculado, pois o sofrimento, a falta e a tristeza gerada pelos sinistros de trânsito não podem ser transformados em moeda. Mas temos que convir que este valor assusta e nos faz perguntar quanto Santa Catarina perde com sinistros? Vou ser mais específico, quanto perdemos, somente no trecho que liga a capital Barriga Verde à Serra, ou seja, BR 282 do km zero ao 300. Já que estamos discutindo há anos a duplicação desta rodovia, é importante termos noção do custo que temos com ela em relação aos sinistros viários. Pois bem, considerando os dados dos últimos 5 anos, e com os valores corrigidos pelo IPCA acumulado neste período, cheguei à cifra de R$ 960.547.359,80. Isto mesmo, quase UM BILHÃO DE REAIS foi o custo deste segmento da BR 282 nos últimos 5 anos. Agora imaginemos que se gasta uma média de 6 milhões de reais para um quilômetro de rodovia em cinco anos, poderíamos ter feito 160 km de novas pistas. Claro que estes cálculos são simplistas, mas refletem uma realidade muito próxima ao que seria possível caso fosse possível juntar a grana gasta em sinistros nos últimos anos. Mas voltando ao início? Quanto custa uma vida? Será que o investimento em uma rodovia segura pouparia, além de muito sofrimento e dor intangíveis, muito dinheiro também?
