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A adolescência é uma fase de intensas transformações, marcada por descobertas, conflitos e redefinições. É o momento em que o jovem começa a se afastar do olhar infantil para construir sua própria identidade. Entre mudanças físicas, emocionais e sociais, esse período se torna um verdadeiro laboratório de experiências e sentimentos.
Do ponto de vista emocional, o adolescente vive um turbilhão interno. As oscilações de humor, a impulsividade e a sensibilidade aflorada são reflexos de mudanças biológicas e hormonais, mas também de processos psicológicos mais profundos. O jovem precisa lidar com a transição entre a dependência da infância e o desejo de autonomia, enfrentando o desafio de se perceber como alguém único, com opiniões, valores e desejos próprios. Essa busca por autenticidade nem sempre é fácil — muitas vezes, vem acompanhada de insegurança, medo do julgamento e sensação de não pertencimento.
No campo social, o grupo de amigos ganha papel central. É com os pares que o adolescente experimenta novas formas de ser e estar no mundo. A necessidade de aceitação pode gerar tanto crescimento quanto vulnerabilidade. A influência do grupo pode ser positiva, quando há apoio e reconhecimento, mas também negativa, quando impõe padrões e comportamentos que o jovem ainda não consegue questionar. Nesse cenário, o olhar dos adultos — pais, professores e cuidadores — precisa equilibrar limites e acolhimento, oferecendo presença sem controle excessivo.
A sociedade contemporânea adiciona novos ingredientes a essa fase delicada. As redes sociais intensificam a comparação e a exposição, interferindo diretamente na autoestima e na imagem corporal dos adolescentes. A pressão por desempenho, a busca por aprovação e o medo de “ficar de fora” criam um ambiente de constante avaliação, que pode gerar ansiedade e solidão.
Compreender a adolescência como um processo e não como um problema é essencial. É o tempo de ensaiar a vida adulta, de experimentar, errar e aprender. Quando há espaço para o diálogo e a escuta, o adolescente encontra segurança para se expressar e desenvolver maturidade emocional.
Mais do que corrigir comportamentos, o papel dos adultos é o de guiar com empatia — mostrando que sentir medo, dúvida ou raiva faz parte do crescimento. A escuta atenta, o incentivo à autonomia e o reconhecimento das conquistas diárias são ferramentas poderosas para fortalecer a saúde emocional nessa etapa. Afinal, é na adolescência que se constroem as bases da identidade, da autoestima e da capacidade de se relacionar de forma saudável com o mundo.

Rejane Dutra Bergamaschi – Psicóloga, CRP 12/3467; diratora técnica da clínica Personali; presidente do ABRVedu Instituto de Educação e Inovação e professora do curso de Psicologia do Centro Universitário Facvest.